Peregrinos de Esperança
- dioceselivramento
- 14 de mai.
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Onde há vida, há esperança. Este é um ditado que tenho levado comigo, principalmente nos últimos tempos. Talvez por estar envolvido com cenários difíceis. Situações delicadas. Feridas humanas e da natureza. Esse esperançar por coisas novas tenha aguçado minha expectativa por vestígios da vida nos escombros da morte. E me fez desejar caminhos de esperança para nós e para toda sagrada criação divina. Se choro com tantos gritos, também me alegro com verdadeiros milagres do amor. Outro dia, no meu pequeno jardim, visitou-me um beija-flor. Então, pensei: as flores que semeei atraíram uma espécie tão dócil e ágil. Fiz uma festa com aquele bichinho. Creio nessa esperança impressa em tudo que existe. Como não reconhecê-la no broto de uma semente! Ou no sorriso de um infante. São tantos os seus sinais. Tenho me sensibilizado com aquelas situações nas quais a esperança está por um fio. Tento, nessas fronteiras, fazer o meu possível.
Considerando-a em sua dimensão mais cristã, podemos avançar ainda mais. Nesse sentido, penso que a esperança anda de mãos dadas com a fé e o amor. É como criança aprendiz. Não caminha sozinha. Precisa de companhia. Nascida do céu, sua fonte perene, cresce no coração peregrino que busca amar. De Deus ela ganha as asas que a faz voar. E ter visões de paz e justiça. Mas precisa de nossos pés para que os sonhos se tornem projetos concretos. Ela é a ponte que liga o crer ao viver real de cada dia. Em Jesus, tem sua expressão mais plena. Ele que, unido ao Pai do céu, ensinou-nos a amar o próximo. Destruindo a morte, pelo seu Espírito, inaugurou um mundo novo. Doou-nos uma nova esperança. A convicção de que o amor vence o ódio, a vida vence a morte, a solidariedade é mais forte do que a ganância.
É pena que muitos compreendem o esperar como pura espera. E cruzam os braços diante dos desafios da vida. Há também quem obstrui, com uma vida egoísta, os canais da bondade e do bem. Na ânsia do ter, busca dominar a terra, causando sofrimentos socioambientais. Infelizmente, no mundo atual está muito presente uma grande injustiça social e ecológica. A partir do Evangelho, somos chamados a transformar essa realidade. Ser profecia de fraternidade no meio de tantos egoísmos; lutar pela proteção da casa comum diante de crimes ecológicos; anunciar o Deus de amor em confronto com espiritualidades que impõem medo nas pessoas; esses são frutos visíveis de esperança cristã. Na missão de anunciar o Evangelho, com a companhia de Nossa Senhora do Livramento, sejamos, de fato, peregrinos de esperança!
Dom Vicente de Paula Ferreira
Bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA)




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