Ser Missionário no coração do Vêneto: entre a fé, a cultura e o serviço

Viver a missão nas paróquias de Piavon, Busco e San Nicolò, na Diocese de Vittorio Veneto, tem sido uma experiência profundamente rica e desafiadora. Como missionário, celebro diariamente a Eucaristia nessas três comunidades, o que me permite estar próximo do povo e acompanhar de forma concreta a vida pastoral.

Participo ativamente das principais atividades paroquiais, como a catequese, a pastoral da família e a pastoral da terceira idade. Com os idosos, promovemos encontros semanais com jogos e atividades ocupacionais para aliviar a solidão e fortalecer os vínculos de amizade. Além disso, oferecemos uma palestra mensal com profissionais da área da saúde ou da cultura, e organizamos passeios e jantares que reforçam a convivência fraterna.

As reuniões com os conselhos econômicos e pastorais garantem uma caminhada sinodal e corresponsável nas decisões comunitárias. Entre as iniciativas de maior impacto está o serviço de apoio escolar no contraturno, duas vezes por semana, com crianças que enfrentam dificuldades de aprendizagem — uma ação que une evangelização, educação e promoção humana.

Durante o verão, realizamos o Grest, um centro de verão para as crianças, com duração de duas a três semanas. É um momento muito esperado pelas famílias, onde fé, brincadeira, valores e convivência caminham juntos, proporcionando um ambiente saudável e formativo para os pequenos.

Outro aspecto fundamental da vida missionária é a celebração dos funerais. Mais do que um rito, trata-se de um verdadeiro momento de evangelização, de proximidade e acolhida às famílias enlutadas, muitas vezes fragilizadas. Levar consolo e esperança cristã nessas horas é parte essencial da missão.

Também temos valorizado muito a visita às famílias e a bênção das casas, especialmente nos tempos litúrgicos fortes. Trata-se de um momento simples, mas profundo, de escuta, oração e presença pastoral que fortalece os vínculos e aproxima o sacerdote do cotidiano das pessoas.

Na cultura italiana, a mesa é um lugar privilegiado de encontro. Por isso, promovemos jantares festivos em ocasiões litúrgicas e civis, incluindo as festas patronais e as comemorações dos grupos sociais como os alpini e os fanti. No mês de maio, intensificamos a devoção mariana com celebrações nas ruas, diante dos capitèli — pequenos oratórios populares — momentos simples, mas de grande valor espiritual e comunitário.

Oferecemos também formação contínua aos ministros extraordinários da comunhão, promovemos momentos de oração, adoração e cuidamos da liturgia com zelo, buscando envolver todas as idades e favorecer uma participação ativa na celebração da fé.

Com grande alegria, acompanho ainda a comunidade brasileira presente na região, celebrando uma vez por mês a missa com os grupos em Treviso, Belluno e Piavon. Para fortalecer a unidade e preservar a identidade cultural do nosso povo, realizamos três grandes encontros anuais — na Páscoa, no Réveillon e na Festa Junina — que são momentos de forte expressão comunitária, religiosa e cultural.

Neste intercâmbio missionário, colaboro com o Ufficio Missionario da Diocese de Vittorio Veneto, o que me permite participar diretamente das reuniões do Conselho Pastoral Diocesano, trazendo também a contribuição de uma experiência de fé vivida em outra realidade.

Ser missionário aqui é mais do que anunciar o Evangelho: é viver a fraternidade, escutar, caminhar junto e partilhar a vida. É integrar-se à cultura local sem perder a própria identidade, construir pontes entre tradições e fortalecer os laços que nos unem como Igreja. É uma missão feita com o coração aberto, os pés no chão da realidade e os olhos voltados para o Reino de Deus.

Texto do Pe. Nicivaldo Evangelista