Leituras:
At
9, 26-31
Salmo
21 (22)
1
Jo 3, 18-24
Jo
15, 1-8
A liturgia deste 5° domingo da páscoa é
um convite a despojarmos dos antigos vícios e permitir que o novo faça valer em
nossas vidas por meio da experiência de encontro com o Cristo ressurreto. Neste
sentido, a alegoria usada por Jesus ganha significado em nosso existir a partir
do mistério pascal que há pouco celebramos.
O Senhor, usando de linguagem acessível
ao povo simples que o ouvia, fez-se compreender. Compreensão essa que em nossos
dias, por vezes, torna-se difícil pois, envolvidos com a enorme quantidade de
informações, não nos permitimos tocar pela mensagem evangélica. No entanto, há
uma evidência na fala de Jesus que merece destaque. Claramente percebemos duas
ações, um corte e uma poda.
Quem é agricultor ou convive num
ambiente agrário já disse ou ouviu dizer algo parecido: “Aquele que tem a ‘mão
ruim’, quando corta uma planta a atrasa”, ora, é justamente essa dinâmica que o
Cristo quer apresentar. A poda errada é feita por aquele que não possui
conhecimento, é necessário que, como cristãos, conheçamos a Deus para que sua
ação em nossa vida produza frutos. Aqui surge em nossas cabeças um
questionamento: é possível conhecer a Deus?
A primeira leitura deixa claro esse
movimento na vida de Saulo. De perseguidor passa a perseguido, pelo fato de ter
visto o Senhor no caminho (cf. At 9, 27). Aquele que procurava cortar pela raiz
a videira, experimenta a poda fecunda do Bom Agricultor, que possibilitou a
produção de tão doce fruto. Essa dinâmica da Igreja nascente impulsiona, ainda
hoje, o vinhedo do Senhor para a promoção da Paz.
Esta construção do Reino de Deus se dá
através da ação cotidiana (cf. Jo 3, 18). Nesta entrega livre e autêntica ao
projeto salvífico de Jesus, mediante a prática da caridade que envolve toda a
espiritualidade cristã. Nessa perspectiva, a partir do encontro com a Palavra
eterna do Pai, conseguimos reconhecer nossa humanidade e, deste modo, ser mais
compreensível com o irmão, e nele encontrar a face misericordiosa do Cristo.
O grande chamado é, portanto, ao amor,
fonte que irriga e fecunda a Igreja, eterna vinha de Deus, que com sua mão
amorosa purifica os seus ramos, para que dê frutos sempre mais viçosos saciando
àqueles que se deixam fazer a experiência da poda. E, olhando para nós e nossas
ações, possamos como simples servos exclamar a todos que acorram a nós: “Eis a
obra que o Senhor realizou!”.
Pablo
Barbosa do Prado
2°
ano de teologia