
A
Constituição Sacrosanctum Concilium (n.
59) afirma: “Os
sacramentos estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de
Cristo e, enfim, a prestar culto a Deus; como sinais, têm também a função de
instruir. Não só supõem a fé, mas também a alimentam, fortificam e exprimem por
meio de palavras e coisas, razão pela qual se chamam sacramentos da fé”.
A
ação de Cristo, porém, não se esgota nesses sinais. O documento conciliar, logo
em seguida, escreve:
“A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais.
Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam
realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja.
Por meio deles dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos
sacramentos e santificam-se as várias circunstâncias da vida” (SC, 60).
A fonte dos sacramentos e dos sacramentais
é o Mistério Pascal do Senhor, onde esses “vão buscar a sua eficácia” e santificam
“todos os passos da vida dos fiéis que os recebem com a devida disposição”. A liturgia,
também, orienta “para a santificação dos homens e para o louvor de Deus o bom
uso das coisas materiais” (SC, 61).
O Concílio pede que, no ritual dos
sacramentos e sacramentais, se façam “algumas adaptações às necessidades do
nosso tempo”, porque “com o decorrer do tempo” se introduziram “elementos que hoje
tornam menos claros a sua natureza e o fim” (cf. SC, 62). O documento pede para
que essa revisão dos sacramentais aconteça “tendo presente o princípio fundamental
de uma participação consciente, ativa e fácil dos fiéis, bem como as
necessidades do nosso tempo”. Acrescenta-se a possibilidade de introduzir “novos
sacramentais conforme as necessidades” e que, “pelo menos em circunstâncias especiais
e a juízo do Ordinário, possam ser administrados por leigos dotados das qualidades
requeridas” (SC, 79).
O sentido mais amplo dos sacramentais
na vida dos cristãos é-nos oferecido pelas Constituições conciliares Lumen Gentium, sobre o mistério da
Igreja, e Gaudium et Spes, sobre a
Igreja no mundo. Nesses, a atividade do ser humano no mundo é vista como ‘ato
cultual’ (cf. LG 10.31.34), prolongamento da obra do Criador e serviço prestado
aos irmãos (cf. GS, 34.38).
Escreve um teólogo liturgista que os
sacramentais “contribuem para estabelecer o vínculo entre o ‘sagrado’ e o
‘cotidiano’ e assim, ajudam o realismo da vida cristã cujo centro é o momento
litúrgico; “no culto, somos consagrados à esperança do reino que está para vir
e à sua antecipação nos esforços presentes e nos valores já encarnados aqui na
terra” (A. Donghi, Dicionário, p.
1049).
Por isso, a IGMR (n. 368) pode escrever
que, se os fiéis forem devidamente preparados, “quase todos os acontecimentos
da vida são santificados pela graça divina que flui do mistério pascal” e os
formulários de Missas (as ‘Rituais’),
podem ser usados “pelas necessidades do mundo inteiro, da Igreja universal e da
Igreja local”.
Dom Armando