Leituras:
Gn
14,18-20;
Salmo 109
(110), 1.2.3.4;
1Cor 11,23-26; Lc 9,11b-17

Toda
celebração da Eucaristia é memorial,
isto é, uma recordação que atualiza o que é celebrado. Portanto, a fé nos permite
colher e acolher, no pão e no vinho, o Corpo e o Sangue do Senhor Jesus; assim
o mistério de sua morte e ressurreição torna-se presente em nossa vida.
A
festa de hoje visa nos conduzir ao coração do mistério do amor de Deus que
enviou o Filho entre nós: Ele nos amou até entregar-se à morte por amor!
A Palavra nos ajuda na
compreensão do que estamos fazendo. Na I
leitura a Eucaristia é prefigurada com a imagem de um personagem meio
misterioso, Melquisedec, rei de Salém, isto é, de Jerusalém, que significa paz.
A Eucaristia foi preparada por Jesus na multiplicação dos pães (Evangelho). Gesto repleto de atenção e
solidariedade para com o povo sofrido e sedento, não só de alimentos, mas de
carinho, cuidados e amor.
A Eucaristia – nos recorda o apóstolo Paulo (II leitura) - foi celebrada por Jesus em sua última ceia, a Ceia da
despedida, num clima de intimidade e de tantas recordações; Ceia que, num
gesto, antecipa o dom-de-si que o Senhor completará com sua morte sacrifical.
O que nós fazemos em toda celebração eucarística foi prefigurado por
Melquisedec, preparado na multiplicação dos pães e realizado na última Ceia.
A nossa vida cristã tornar-se-á verdadeira se for vivida nesse sentido
eucarístico, isto é, de imitadores de Jesus, pão partilhado por amor. Hoje a
celebração será autêntica na proporção de nossa disponibilidade interior a
sermos capazes de acolher o projeto de Deus que contemplamos em Cristo e
repetindo em nossa vida seus gestos de amor, tendo a mesma disponibilidade de
acolher seu projeto de amor que atualizamos na Eucaristia. Amor que se traduz
em gestos concretos de solidariedade, atenção e perdão.
Cada um(a) pergunte a si mesmo(a): o que significa para mim acolher o
projeto de Deus em minha vida e tornar-me pão partilhado para que os outros –
meus familiares, vizinhos e tantas pessoas que encontro em minha vida – possam
sentir em mim a presença amorosa de Deus?
Jesus sabia da tradição de Judas, da fraqueza de Pedro, do abandono dos
amigos mais íntimos, como também dos sofrimentos e das humilhações que o
esperavam. Viveu tudo como ocasião para o dom total de si mesmo, transformando
o mal em elemento de aliança por amor.
Essa transformação nós também somos convidados a realizar, com sua ajuda
e seguindo seu exemplo. Na comunhão que recebemos é o mesmo dinamismo de amor
que recebemos. Unidos a Ele tudo se transforma em amor e a Eucaristia nos torna
capazes de segui-Lo com verdadeiro amor.
O Senhor nos ajude a imitar o que estamos celebrando na Eucaristia;
assim, nos tornaremos pessoas ‘eucarísticas’, isto é, repletas de amor,
louvação e agradecimento. Seremos homens e mulheres de comunhão e de paz,
semeadores de esperança: essa é a nossa vocação, a vocação da Comunidade
cristã!
Escrevem os bispos no documento Comunidade
de Comunidades: uma nova Paróquia (n. 87): “É preciso reafirmar que,
teologicamente, o fundamento da paróquia é ser uma comunidade eucarística, que
celebra a presença de Cristo Palavra e Eucaristia, estabelecendo os vínculos de
comunhão entre os seus fiéis e remete todos à missão de testemunhar na caridade
a verdade professada”.
Dom Armando