Quais papas já renunciaram?
De acordo com o
Vice-Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Dr. Ambrogio Piazzoni, que
escreveu um livro sobre a história da eleição dos papas, alguns Pontífices
renunciaram obrigados e outros por livre e espontânea vontade. Papa Ponciano,
em 235, foi condenado a trabalhar numa mina na Sardenha. Papa Silvério, em 537,
foi obrigado a abdicar e exilar-se na Ásia Menor. Martino V foi preso e mandado
para a Criméia. Sobre o Papa João XVIII, em 1009, não se tem muita certeza, mas
é muito provável que tenha renunciado. Bento IX, em 1044, renunciou e após
voltou ao papado. Posteriormente Celestino V, que reconheceu não estar
preparado e por fim Gregório XII em 1415.
A renúncia de um Papa está prevista na Igreja?
Sim. A renúncia de
um Papa está prevista e regulamentada pelo Código de Direito Canônico.
Qual é o termo correto para descrever o que o Papa fez?
"Renúncia"
seria o termo mais específico e técnico. "Demissão" não, porque
pressupõe que alguém aceita a demissão para que tenha efeito e, no caso do
Papa, isso não é necessário. "Abdicação" seria o termo mais adequado
para um rei.
O Anel: poderá ser destruído, como o selo papal?
O anel do pescador
é o sinal visível da autoridade do Papa, que ele recebe no momento solene no
início do Pontificado e que usa no dedo anular direito. Esta insígnia papal é
documentada desde o tempo de Clemente IV (por volta de 1265) e era utilizada
como selo secreto para correspondências privadas. Durante a solene celebração
do início do Pontificado, o Cardeal Decano do Sacro Colégio o coloca no anular
da mão direita do novo Papa. O anel, confeccionado em ouro, além de gravado o
nome do Pontífice, tem a imagem em relevo do Apóstolo Pedro pescando sobre uma
barca. Com a morte de cada Papa, o Cardeal Camerlengo o retira do dedo e, na presença
dos representantes do Colégio dos Cardeais quebra-o, indicando com tal gesto o
final do pontificado.
A Quarta Encíclica sobre a Fé: será publicada até o final de
fevereiro?
O texto não está em
condições de ser traduzido e publicado. Assim, este permanece como um documento
que poderá vir a público posteriormente, mas talvez não na forma de Encíclica.
O que faz a Igreja durante a Sé Vacante?
Segundo a
Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, “em tempo de Sé Vacante, e
sobretudo durante o período em que se desenvolve a eleição do sucessor de
Pedro, a Igreja está unida em modo todo particular com os sagrados Pastores e
especialmente com os Cardeais eleitores do Sumo Pontífice e implora a Deus o
novo papa como dom de sua bondade e Providência. À exemplo da primeira
comunidade cristã, da qual se fala no Ato dos Apóstolos (cf. At 1,14), a Igreja
Universal, espiritualmente unida com Maria, Mãe de Jesus, deve perseverar
unanimemente na oração; assim, a eleição do novo Pontífice não será um fato
isolado do Povo de Deus e dizendo respeito somente ao Colégio dos eleitores,
mas, num certo sentido, uma ação de toda a Igreja”.
Neste sentido, o
beato João Paulo II pediu neste documento que “em todas as cidades e nos outros
lugares, pelo menos os mais distintos, assim que se tenha a notícia da vacância
da Sé Apostólica e, de modo particular, da morte do Pontífice, após a
celebração das solenes exéquias, se elevem humildes e insistentes orações ao
Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para que ilumine a alma dos eleitores e os
torne assim concordes na sua tarefa, que se obtenha uma solícita, unânime e
frutuosa eleição, como exige a saúde das almas e o bem de todo o Povo de Deus”.
Quais as atribuições do Cardeal Camerlengo?
O Camerlengo,
atualmente o cardeal italiano Tarcisio Bertone (nomeado em 4 de abril de 2007),
é quem preside a Câmara Apostólica e que exerce a função de cuidar e
administrar os bens e os direitos temporais da Santa Sé. No período da Sé
Vacante, ele está entre aqueles que não entregam seu cargo e que continuam a
exercer suas funções ordinárias, submetendo ao Colégio cardinalício aquilo que
deveria ser apresentado ao Sumo Pontífice. Segundo a Constituição Universi
Dominici Gregis, compete a ele:
·
colocar os selos que
lacram os aposentos do Papa, dispondo que as pessoas que habitualmente
frequentam o apartamento privado, possam permanecer até depois do sepultamento
(em caso de morte do Pontífice), quando então todo o apartamento pontifício
será fechado e selado;
·
comunicar a morte do
Papa tanto ao Cardeal Vigário de Roma, que por sua vez, dá a notícia ao Povo de
Roma com notificação especial, quanto ao Cardeal Arcipreste da Basílica
Vaticana;
·
tomar posse da
Residência Apostólica Vaticana e, pessoalmente ou por delegado, das Residências
de Latrão e de Castel Gandolfo;
·
estabelecer, ouvidos
os Cardeais Chefes das três Ordens, tudo aquilo que concerne à sepultura do
Pontífice;
·
presidir a Congregação
particular constituída pelo mesmo Cardeal e por três Cardeais Assistentes e que
tem a tarefa de administrar as questões de menor importância;
·
decidir o dia em que
devem iniciar as Congregações gerais para a preparação da eleição do Papa;
·
predispor, junto aos
Cardeais que desempenhavam respectivamente a função de Secretário de Estado e
de Presidente da Pontifica Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, as
dependências da Domus Sanctae Marthae para a conveniente acomodação dos
Cardeais eleitores e prover com eles os detalhes para a preparação da capela
Sistina, a fim de que as operações relativas à eleição possam se realizar
facilmente, de modo ordenado e com a máxima reserva;
·
Se a Sé do
Penitenciário Mor estiver vacante, presenciar junto aos três Cardeais
Assistentes à abertura das cédulas para a sua eleição que se dá por meio de
votação secreta de todos os Cardeais eleitores presentes;
·
conceder permissão
para eventuais fotografias a título de documentação do Pontífice defunto;
·
desde o início do
processo da eleição assegurar com a colaboração externa do Substituto da
Secretaria de Estado o fechamento da Domus Sancatae Marthae e da Capela Sistina
e dos ambientes destinados às celebrações litúrgicas às pessoas não
autorizadas;
·
receber o juramento
dos cardeais sobre a observância do segredo do voto;
·
É obrigado a vigiar
com diligência, junto aos três Cardeais Assistentes pro tempore, para que não
seja de modo algum violada a confidencialidade do que ocorre na Capela Sistina,
recebendo dos Cardeais eleitores, onde se realizam as operações de votações e
dos espaços adjacentes, tanto antes quanto durante e depois tais operações, os
escritos de qualquer natureza, que tenham consigo, relativos ao êxito de cada
escrutínio, a fim de que sejam queimados com as cédulas.
(vide site da CNBB)