Leituras:
Is 42,1-4.6-7;
Sl 29 (28);
At 10, 34-38;
Lc 3,15-16.21-22
Na Festa do Batismo do
Senhor encerramos o tempo do natal. Se Jesus Cristo assumiu o ser humano na sua
totalidade existencial quando se encarnou; no evento do batismo mais uma vez se
constata que Ele veio para o meio de nós. Para os judeus, o batismo se tratava
de um rito penitencial, destinado aos que buscavam uma conversão de vida. Em
Jesus, que carrega os nossos pecados, o batismo marca o início de sua missão
como Filho amado do Pai e Redentor dos homens. Os padres da Igreja viam no
batismo do Senhor o início do “novo Povo de Deus”. Se para Israel a travessia
(batismo) no mar Vermelho marca a libertação de um tempo de escravidão; no
batismo do Cristo o “novo Povo de Deus” é libertado definitivamente da
escravidão do pecado. No batismo se põe em evidência o projeto trinitário para
a humanidade: o Pai que elege e envia o seu Filho amado; o Filho que assume a
caminhada dos homens; e o Espírito que purifica do pecado e se faz presença
constante e iluminadora. Jesus que, com
o Pai e o Espírito, se compadece da humanidade pecadora não se distancia mas se
faz um com todos. Como nos recorda a 1ª leitura, Ele assume a sua missão nos
moldes do Servo Sofredor anunciado pelo profeta Isaías: veio não para trazer a
destruição, mas para abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e
livrar do cárcere os que vivem nas trevas (cf. Is 42,7). Jesus em si, não traz
manchas, mas no batismo assume os nossos pecados e os carrega até o alto da
cruz e os aniquila com a ressurreição. No batismo de Cristo toda a humanidade é
envolvida sem distinção alguma se amparando na lei do amor. Aqui, Deus nos
revela uma face que se sobrepõe a visão de um Deus vingativo, severo, frio e
intransigente; nos mostra uma face afável, cheia de misericórdia, compaixão,
paciência e ternura. Com o nosso batismo somos inseridos neste mistério de
Cristo, participamos de seu corpo, de sua herança. O batismo nos insere na
missão do Senhor na Igreja de hoje. Contemplar e assumir a identidade de um
Deus que liberta e envia o seu povo é um desafio para a comunidade. Nesta
celebração somos chamados a renovar as promessas do nosso batismo e a colocar
em prática os sinais que marcam a nossa pertença a este novo Povo de Deus.
Pe. Jucimar Lima