I
Leitura Eclo3,3-7.14-17
Sl
127(128)
II
Leitura Cl 3,12-21
Evangelho
Lc 2,41-52
Caríssimos irmãos e irmãs animados
pelo temor do Senhor, celebramos a festa da Sagrada Família. Vivendo o clima do
Natal do Senhor aumenta a nossa alegria esta festa, pois Deus veio, nasceu em
nossa vida, tornou-se um de nós e fez conosco uma aliança, fez-nos
participantes da família divina.
Na oração coleta que rezamos depois
do hino do glória bendizemos ao Pai por ter nos dado a Sagrada Família como
exemplo e pedimos que em nossos lares imitemos as suas virtudes, para que
unidos pelos laços do amor, cheguemos um dia às alegrias da casa paterna. Esta
oração do dia apresenta-nos o sentido litúrgico dessa festa. Contemplando a
Virgem Mãe que se abre ao projeto do Pai, numa postura de confiança, entrega e
obediência, olhando São José que assume o Filho de Deus, o protege com carinho
e celebrando o próprio Deus que se torna Filho obediente a sua mãe e seu pai
adotivo, as nossas famílias neles devem encontrar a maneira de como
construir-se dia-a-dia na sociedade e na Igreja.
A Sagrada Escritura nos ensina o
querer benevolente de Deus sobre a família. Deus é comunhão, não vive sozinho,
não é egoísta, mas faz-se comunicação e revela-se a nós como um sinal profundo
de relacionamento e de afeto. A família é o lugar privilegiado para esse
relacionamento, para a edificação de verdadeiros sentimentos e da formação da
pessoa. Infelizmente nos tempos atuais nem sempre é assim. As famílias se tornam
cada vez mais lugar da solidão, do individualismo, do egoísmo e da busca de
prazeres. Isso por causa da correria que cada ser humano se dispõe para
alcançar seus próprios ideais e sua felicidade. Em alguns casos constituir
família significa empecilho para a realização, o crescimento e a felicidade.
Não é pequeno o número de pessoas que renunciam a uma família para se edificar
profissional e sentimentalmente livre dos outros. Mas será possível se edificar
sem sentimentos verdadeiros de afeto, de cuidado, de relacionamento mútuo?
Maria e José se dedicam inteiramente ao Filho, o educam segundo a Lei Sagrada,
o levam a casa de Deus, a casa de seu Pai. Jesus caminha com seus pais, é-lhes
obediente e junto aos pais crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de
Deus e diante dos homens.
Compreendemos assim que não é
possível tornar-nos humanos sem um relacionamento autêntico com outros seres
humanos. Descobrimos, portanto, que na família iniciamos esta vida de comunhão,
de companheiríssimo e de cumplicidade tão natural a humanidade, mas tão
distorcida. O livro do Eclesiástico e a carta do apostolo aos Colossenses
ensinam-nos que não é possível uma realização humana por conta própria, somos
necessitados uns dos outros, somos necessitados de Deus. Entre nós há
relacionamentos, que se construídos em Deus, é como ajuntar tesouros.
É por ser esta base da humanidade
que a família sofre tantos ataques e tamanha desvalorização; nesta festa somos
convidados pela Trindade Santíssima a aprendermos as lições da Santa Eucaristia
e a vivermos de acordo com o exemplo da Família Sagrando revestindo-nos de
sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência. Mas, sobretudo,
amando-nos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Esta é a
cartilha da Família de Nazaré e deve ser também a nossa, para sermos no mundo
sinais da família de Deus.