Partilho, com a comunidade
diocesana, a alegria de ter apresentado, no último dia 24, o trabalho de
pesquisa a partir do qual concluo a etapa filosófica da formação ao sacerdócio.
Expresso meus agradecimentos a todos que rezam e contribuem pelas vocações em
nossa diocese e partilho, em breves palavras, um pouco do aprendizado
adquirido, desejoso de que essa breve reflexão possa ajudar-nos em nossa vida e
em nossa ação pastoral.
“A vida é a arte do encontro”, dizia
Vinícius de Morais. Não é difícil, para nós, comprovar essa tese. Se
observarmos bem, perceberemos que ela é, de fato, um encontro constante:
conosco mesmo, com o mundo que nos cerca, com o outro. Nesses encontros, sempre
buscamos compreender, dar um sentido àquilo com que nos deparamos. Muitos filósofos chamaram essa
atitude de “experiência hermenêutica”. Hermenêutica é uma palavra grega que
significa originalmente interpretação, comunicação. Assim sendo, podemos dizer
que o homem é um ser hermenêutico, que interpreta – dá um sentido – ao mundo em
que vive. Mas, que importância isso tem para
nós? Desde os seus primórdios, a
hermenêutica buscava o melhor modo de se fazer a interpretação a fim de que o
sentido original de um texto não ficasse distorcido. Ainda hoje essa exigência
se coloca: será que a nossa compreensão do mundo, do outro e de nós mesmos é
verdadeira, válida ou expressa mais nossas opiniões, nossos desejos e vontades? A partir desse questionamento, se
coloca para nós a exigência de uma hermenêutica da vida que seja autêntica. É
claro que sempre vamos às coisas com a imagem de mundo que já possuímos, com nossas
tradições e pré-conceitos. Mas, precisamos superá-los para que o outro fale por
si mesmo e não por nossas categorias. Desse modo se dá a verdadeira compreensão. Para que isso aconteça, é
fundamental o diálogo. A etimologia da palavra já indica tudo: dia – logos,
isto é, dois pensamentos, duas ideias, dois mundos diferentes que se encontram
e buscam o entendimento e o acordo, sem que haja a completa anulação de uma ou
de outra. Infelizmente, nosso mundo parece
não prezar pelo diálogo. Na regra do individualismo, o que interessa é o que EU
acho e o que EU penso. O outro? Que me importa! Diante disso, torna-se
complicado pensar a compreensão. A possibilidade do entendimento coloca para
nós a exigência do diálogo. Nele que pode ser construída uma vida ética em que
impera o respeito, a paz. E isso pode ajudar-nos em nossa
pastoral? Creio que sim. Nossa atuação
pastoral é um encontro com o outro e visa sempre a promoção de uma compreensão
mais plena de Cristo e de seu ensinamento, que nos conduza a ser seus
verdadeiros seguidores. Seguindo a teoria hermenêutica, precisamos
saber ir ao encontro do outro promovendo não um monólogo, mas um diálogo, a
partir do qual possa brotar uma compreensão verdadeira e sincera daquele que é a
fonte da salvação: Jesus Cristo, Senhor nosso.
Jandir
Silva dos Santos
3°
ano de filosofia