Leituras:
Dn
12,1-3
Sl
15
Hb
10,11-14.18
Mc
13,24-32
Qual a meta de nossa
vida humana? Para onde tendem os nossos feitos? Em que desemboca nossas
experiências? Qual o nosso fim? São perguntas que a liturgia deste domingo nos
propõe fazermos. Na oração do dia rezamos: “Senhor nosso Deus, fazei que a
nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos
felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas” (Missal
Romano). Esta oração, pela voz do presidente da celebração ou dirigente do culto,
eleva a Deus aquele que deve ser o desejo mais latente do nosso coração:
servi-lo. Este é o caminho e a única maneira de se obter felicidade plena, pois
Deus nos fez para Ele e nele está o sentido da nossa existência. Dizia Santo
Agostinho: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não
repousa em Ti” (Confissões). Onde, portanto, buscamos nossa felicidade? Em Deus
mesmo ou em promessas enganosas pelas quais nos perdemos em meio às buscas? Com
efeito, nossa fé nos convida a sairmos da superficialidade e a voltar o olhar e
o coração para um horizonte mais vasto e elevado. Elevado, sim, todavia não
longe ou impossível de ser alcançado, pois este horizonte por meio do qual se
serve a Deus e se tem felicidade plena é uma pessoa e chama-se Jesus Cristo,
Filho do Homem e Filho de Deus. No Santo Evangelho deste domingo, introdução do
discurso escatológico de São Marcos, ou seja, referente às realidades futuras
(morte, final dos tempos, segunda vinda), Jesus desponta como luz consoladora
que vence toda escuridão. O glorioso Filho do Homem vem com poder para reunir
os eleitos de Deus dos quatro cantos da terra (Mc 13,26-27). Ele representa
também aqui a figura encorajadora da libertação de Deus, aquele que julga em
seu nome, favorecendo os seus e condenando os promotores da morte. A expressão
“Filho do Homem”, que aparece duas vezes no Evangelho remete à profecia de
Daniel, da qual foi tirada a primeira leitura. Jesus é o protagonista dos
acontecimentos últimos. O Mistério pascal inaugura os novos tempos. Suas
afirmações recordam sua morte e ressurreição: “o sol vai se escurecer, e a lua
não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão
abaladas”; “Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra” (Mc 13,24-27).
Ora, do momento de sua morte se diz: “à hora sexta, houve trevas sobre toda a
terra, até a hora nona” (Mc 15,33); e da ressurreição: “viram um jovem, sentado
à direita, vestido com uma túnica branca” (Mc 16,5), ou seja presença de anjos
a indicar estes eventos. Enfim, a morte e ressurreição de Jesus é intervenção
divina em favor do povo contra as forças da morte. A vitória de Deus sobre
quaisquer dificuldades ou trevas é estímulo para nossa fé e encorajamento para
seguirmos os passos de Jesus, vivendo em íntima comunhão com Ele pela força do
seu Espírito. Nossa meta e fim é Cristo, “sentado para sempre à direita de
Deus” (Hb 10,12). Deste mistério sublime de nossa fé é bela expressão a
aclamação memorial que fazemos em cada liturgia eucarística, mandato do Senhor
de celebrar a ceia: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa
ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Seminarista
Weverson Almeida