O livro desta semana é de um escritor que já foi sugerido
aqui,no último dia 11. Trata-se de Mario Sergio Cortella, o mesmo autor de “Não
espere pelo epitáfio...”.
Ele é filósofo, Doutor em Educação e Professor do Departamento
de Teologia e Ciências da Religião da
PUC-SP.Foi chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire na Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo (1989/1980), a quem substituiu de 1991 a 1992. Ele nasceu
na cidade de Londrina, no Paraná e tem 58 anos de idade.
Eu te sugiro... leia “Não nascemos
prontos! Provocações filosóficas!”.
Quem já leu “Não espere pelo epítáfio...” não pode deixar de
ler “Não nascemos prontos!”.Ele foi publicado em 2006, pela Editora Vozes. Como citado
no primeiro livro, são sempre as crônicas selecionadas pelo autor, de suas
publicações no caderno Equilíbrio da Folha de S. Paulo.
Mario Sergio gosta dessas provocações filosóficas. Nesse
livro, então, elas se tornam ainda mais interessantes, pois a temática que
envolve as crônicas selecionadas gira em torno do inacabamento do ser humano. O
homem é um ser inacabado. Nunca está pronto. Nunca. Por isso mesmo, em nenhum
momento da vida deve parar e dizer “aqui está bom. basta”. Ao contrário, é
preciso provocar, se propor a ir além. Não foi a poeta carioca Cecília Meireles
quem disse: “a vida só é possível reinventada”? Pois então. Não é para ficar
satisfeito com a vida como está. É para buscar vida melhor. É para transformar.
É para mudar o que não está bom. É para inovar, fazer diferente. Embora seja
mais cômodo e, por vezes, mais desejável, por que escolherter uma vidinha, se é possível viver intensa e
verdadeiramente?
Essas e outras reflexões perpassam o universo da obra de
Cortella. O título dado a este texto, por exemplo, se refere à chamada
‘síndrome de Gabriela’, que o autor cita; o famoso “eu nasci assim, eu cresci
assim, eu sou mesmo assim...”, uma analogia para a resignação, para o
conformismo, para deixar as coisas como estão. Ora, Cortella adverte: “não
esqueçamos que a satisfação não deixa margem para o prosseguimento... Estar
satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível
da condição do momento”. De fato, seria muito triste nãoter mais nada a esperar,
ou como se diz: ‘morrer em vida’, tendo, ainda, tanta vida para viver.
No próximo Domingo acontecerá o DNJ (Dia Nacional da
Juventude). Neste ano o lema será: “Qual vida vale a pena ser vivida?”
Que seja uma oportunidade para cada um pensar, primeiro sobre
si. Depois, para permitir-se questionar, para não viver alheio à realidade; para
não aceitar qualquer coisa como vida. Para que a vida seja inteira.
Certamente, a vida que vale a pena ser vida é aquela que contribui para que o mundo e as pessoas
sejam melhores. Sim, porque, podemos até fazer coisas ditas ‘insignificantes’,
mas precisamos fazer tudo na vida com grandeza, nas circunstâncias em que nos
achamos. Nós podemos escolher fazer a diferença, ‘aspirar coisas mais altas’ e
não compactuar com mediocridades.
É presumível que encontremos pela vida forças que já vão se
encarregar de nos puxar pra baixo. Não é preciso nem procurar. Sempre
encontraremos pessimistas, apáticos, insensíveis, maldosos, para nos
desencorajar. Não faltarão desanimados para aconselhar: “Ah, não há nada o que
fazer. Aqui sempre foi assim...” Recobremos, pois, a coragem! A cada dia, como
diz Cortella, somos uma nossa nova edição. Revista e ampliada.
Considere-se que não nascemos com um manual de instruções para
saber tudo o que é provável que aconteça conosco, ou mesmo para saber como agir
diante das situações da vida. É errando, é acertando, é fazendo, é refazendo, é
criando e recriando, que se vive. É, ainda, tentando outra vez, como nos diz
Raul Seixas: “Tente; não diga que a canção está perdida. Tenha fé em Deus, tenha
fé na vida. Tente outra vez”.
É assim que podemos cantar com Gonzaguinha a reconfortante
canção o que é, o
que é: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar a beleza de ser um
eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor, e será. Mas, isso não
impede que eu repita ‘é bonita, é bonita e é bonita’”.
Sim, somos eternos aprendizes... E nunca estamos prontos!
Boa Leitura!
Raiana Cristina Dias da Cruz
REFERÊNCIA:
CORTELLA,
Mario Sergio. Não nascemos prontos! : Provocações
filosóficas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.