A
Santa Liturgia nos ajuda neste domingo a refletir os valores fundamentais da
família colocando em foco a importância do matrimônio. Vivemos em tempos onde o
relativismo e o consumismo extrapolam os limites toleráveis e atingem também as
estruturas que consolidam a família. Cada vez mais vemos a família ser tratada
como um modo de estar e não de ser. As leituras de hoje nos ajudam a resgatar a
essencialidade da família para o ser humano e a nos conscientizarmos de nossa
pertença a uma família mais ampla, a família de Deus. Quando o coração do homem
se endurece e se deixa macular pelo pecado, este se torna incapaz de
estabelecer vínculos. Passa a viver de relações áridas e desgastadas pelo sabor
do momento. Um coração endurecido não consegue enxergar e aderir ao projeto de
Deus que está fundamentado na estabilidade e na plenitude. A união do homem e
da mulher deve refletir a aliança de Deus com seus filhos. Por isso, uma vida
de fidelidade, respeito, amor e confiança devem fazer parte dessa entrega e sustentá-los
diante das provações da vida. A plenitude do amor de Deus pelos seus filhos é
vivida em alto grau na experiência de amor do homem e da mulher unidos pelos
laços do matrimônio. Evidente que a preocupação dos fariseus que questionaram a
Jesus não era entender melhor a respeito do matrimônio, mas colocá-lo em
contradição com a Lei e os preceitos de Israel e assim ajuntar provas para
condená-lo. Jesus retoma o projeto da criação: "Deus os fez homem e mulher. Por isso
o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se
tornam uma só pessoa." Jesus não
recua com o anúncio da palavra, mas deixa explícito que a lei soberana é a lei
do amor a Deus e ao próximo; todas as demais leis devem partir deste princípio
de plenitude. Por fim, no episódio com as crianças nos recorda: Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem
não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele. Trata-se de um
convite para que todo aquele que se decide pelo Reino tenha uma atitude de
entrega e confiança total a Deus. Dessa maneira, que possamos viver o
seguimento sem medo das provações e firmes no propósito de acolher a graça que
vem ao encontro dos que crêem.
Pe. Jucimar Lima