Sabedoria 2,12.17-20
Salmo - 53 (54)
Tiago 3,16-4,3
Marcos 9,30-37
Queridos
irmãos e irmãs, pequeninos do Reino, amados leitores a liturgia do XXV domingo
do tempo comum se abre numa grande súplica ao Pai para que saibamos e queiramos
desejar observar os mandamentos divinos que Ele resumiu no amor a Deus e ao
próximo; é o que rezaremos por meio do celebrante principal na oração coleta. Revelando-nos
os tesouros de sua Palavra, o Senhor continua caminhando conosco e nos ensina o
que devemos fazer para alcançar a verdadeira vida. É um ensinamento que deixa
os apóstolos meio confusos, pois para receber esta vida é preciso a morte, é
preciso o sofrimento, mais ainda é preciso ser o último e o servidor de todos.
A mentalidade dos seguidores de Jesus mostra-nos que acompanhar o raciocínio do
projeto de vida que o Messias tem parece não coadunar com os projetos humanos. O
Messias se revela como o sofredor, desprezado e injustamente condenado (esse
foi o discurso do evangelho de domingo passado); agora além de ser “entregue
nas mãos dos homens, e eles o matarão” (Mc 9 31c), o Messias nos ensina por
meio de seus apóstolos que uma fé assumida e vivenciada não deseja os melhores
lugares, não busca honras e poderes, pois com estes desejos meramente humanos,
os seguidores de Jesus podem ser corrompidos e de justos que devem ser, se
tornarem ímpios a ponto de tramarem “ciladas para o justo, porque sua presença
incomoda” (primeira leitura). Ao contrário, os seguidores de Jesus devem trilhar
nos passos do Mestre e Senhor. Durante
toda a vida é visível o testemunho que o Cristo dá do Reino dos Céus, este
reino não é para os ímpios, nem para os que são invejosos e criam rivalidades,
é justamente o oposto, ser grande, ser o maior, é reservado para aqueles que de
fato, descobriram quem é Jesus, descoberta esta que coloca o discípulo no mesmo
lugar que o Senhor, pois Ele mesmo nos ensina: “Se alguém quiser ser o
primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (evangelho). Esta
é a condição para o seguimento do Messias, não bastar ter ouvido falar sobre
quem é Jesus, é preciso descobri-Lo como o Messias, o Ungido, o sentido máximo
de nossa existência; não bastar seguir Jesus de qualquer jeito, é preciso
segui-Lo assumindo a cruz de todo dia, na renuncia diária de si mesmo e na
disponibilidade e coragem de assumir sua Palavra no mundo, edificando uma
sociedade justa, fraterna, na qual, o fruto da justiça seja semeado na paz. Os
seguidores verdadeiros são aqueles que compreendendo a cruz e a assumindo com o
Cristo, concretizam os ensinamentos do Senhor. Esse é o grande desafio dos
cristãos, atualizar com a vida o que Cristo Jesus nos transmitiu; é desafiador
porque apregoar a justiça, a pureza, a modéstia de costumes, a conciliação, a
misericórdia, sem parcialidade e sem fingimento, tal qual é a sabedoria que vem
do alto, num mundo que, cada vez mais, ama o poder, oprime os pequeninos e
aumenta a fila dos injustiçados só será possível para aqueles que não temem a
cruz e confiam inteiramente no Cristo. A Palavra que pede uma resposta aos
ouvintes é também esperançosa, porque não nos é confiada para que a
testemunhemos unicamente com as nossas próprias forças, mas o Senhor esta
conosco. Está certeza encontramos na Mesa da Palavra e na Mesa da Eucaristia
quando uníssono rezemos: “Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de
nós, vivendo conosco no Cristo, falando conosco por ele” (oração eucarística
V). Firmes nesta presença podemos corajosamente assumir nossos compromissos batismais
e os que forem despertados nesta celebração, para que, saibamos, ao Pai, “oferecer este Pão que
alimenta e que dá vida, este Vinho que nos salva e dá coragem” (oração
eucarística V). Alimentados, fortalecidos, animados pela Palavra Divina nos coloquemos
no mundo como uma Igreja protegida pelo Pai, sustentada pelo Filho e
impulsionada pelo Espírito Santo, para que “caminhemos nas estradas do mundo
rumo ao céu, cada dia renovando a esperança de chegar junto a vós, na vossa
paz” (oração eucarística V). Que como filhos de Deus, Ele nos defenda e nos
livre das mãos dos seus inimigos, e que nossa serenidade
seja sustentada na paciência.
Pe. Gonçalo Aranha dos
Santos