Estimados irmãos e irmãs, vivenciando esta
celebração, na qual, nosso Senhor cumpre a promessa de nos enviar o Paráclito, concluímos
o tempo pascal. Durante cinquentas dias o Senhor Jesus nos “revelou as
Escrituras” e no “partir do Pão” nos ensinou que mesmo não estando fisicamente
entre nós, Ele esta no meio de nós. No tempo da Páscoa fomos formados pelos
ensinamentos Daquele que morrendo destruiu a morte e Ressurgindo deu-nos
novamente a vida. Foram cinquenta dias de caminhada com o Ressuscitado. Ele partilhando
do conhecimento que o Pai lhe deu, nos ensinou que o túmulo vazio, “as faixas
de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo 20,6b-7) são o
sinais de sua ressurreição, pois lá se torna o único lugar onde Deus não pode
ser encontrado; fez-nos compreender que a paz e o sopro do Espírito Santo são
frutos de sua ressurreição, e na comunidade nos são dados para partilhamos uns
com os outros, pois somente em comunidade é possível ver, sentir e ouvir Aquele
que voltou glorioso da morte. O Senhor que saiu do túmulo, que se faz presente
no meio da comunidade é o mesmo que caminha conosco. Torna-se nosso companheiro
fiel no entardecer da estrada. Fazendo-nos entender o sentido real de sua
paixão morte e ressurreição, pede que sejamos “testemunhas de tudo isso”. O
Cristo Jesus é também o Bom Pastor. Não é um simples pastor, mas o pastor que “dá
a vida por suas ovelhas”, que conhece suas ovelhas. Esta entrega do Cristo se
torna visível no madeiro da Cruz e compreensível no rolar da pedra. Ele tem
poder de dar sua vida e toma-la novamente, ele nos convida a caminhar com Ele
para também nós entregarmos no amor nossa vida pela construção do Reino e em
favor das demais ovelhas. Para realizarmos concretamente o que Ele nos pede e
produzirmos fruto é preciso mais que caminhar junto Dele, é necessário uma permanência,
uma comunhão de vida de tal forma que Ele não se torne somente nosso companheiro,
mas nossa própria estrada, nossa vida, nos busca. Esta comunhão acontece, tal
qual, o ramo preso a videira, pois “como o ramo não pode dar fruto por si
mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto,
se não permanecerdes em mim” (Jo 15, 4b). Com essa permanecia
somos convidados a dar fruto, a produzirmos o fruto do amor. Pois, sentir em
nós o amor de Deus é a mais profunda experiência que podemos fazer com Ele e
sobre Ele. Um amor que não se prende em
si mesmo, mas que nos lança ao encontro, a convivência e ao servir do outro, a
descobrirmos nos relacionamentos a possibilidade de uma vida feliz. Desta forma,
cumpriremos o mandamento que alegra o coração da Trindade, pois Ele mesmo nos
pede: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo
15, 12). Depois de nos ensinar tudo isso o Senhor sobe
glorioso aos céus, pois sabe que aqueles que viram e ouviram todos os seus
preceitos serão suas testemunhas até os confins da terra. O Senhor “sobe ante
os anjos maravilhados ao mais alto dos céus não para se afastar de nossa
humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da
imortalidade” (prefácio da ascensão). Para que não existam
dúvidas que Ele não nos abandonou Ele nos envia o Espírito de amor. Nos manda o
Divino Espírito “para levar à plenitude os mistérios pascais, pois o mesmo
Espírito que é derramado hoje em favor de cada um de nós filhos e filhas, desde
o nascimento da Igreja, dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus;
une, numa só fé a diversidade das raças e línguas” (prefácio
de Pentecostes).
Na divina providência o tempo pascal é concluído com esta solenidade, para que
seja o divino Espírito de Deus, nossa alma, nosso advogado, nosso orientador,
nosso Defensor. Que conduzidos pelo divino Espírito de Graça e Luz nos tornemos
no mundo testemunhas do amor, da paz e do perdão, para que ungidos nele e por
ele edifiquemos na unidade o corpo místico de Cristo.
Diác. Gonçalo Aranha